Retrô – Grand Prix Legends
A Revista Simuladores Brasil irá trazer alguns dos simuladores que revolucionaram e fizeram história!
Achamos esse excelente texto datado de 2009:
Quando foi lançado no mercado, Grand Prix Legends era o “State of the art” no ainda pequeno mundo dos simuladores de corridas de automóveis, e apesar da oferta actual ser bem maior que a existente na altura, o GPL mantém-se hoje no topo dos simuladores, graças ao suporte da grande comunidade de fãs que possui em todo o mundo e à reconhecida qualidade que ainda mantém, apesar das suas limitações.
Em 1998 poucos possuíam recursos de hardware suficientes para correr o GPL, no entanto isso não impediu que se torna-se um fenómeno de popularidade, e em 2004, a comunidade de apoiantes e fãs do GPL lançou um update fácil de utilizar, elevando o simulador aos padrões de qualidade actuais. Este update foi lançado sobre a forma de demo e designado GPL 2004 Demo.
Esta demo é na realidade o jogo base, com os patches oficiais da Papyrus, e updates gráficos aos carros e à pista de Watkins Glen, feitos pela comunidade de SimRacers. A única grande diferença entre o jogo original e a demo, para além dos updates referidos é o facto de trazer apenas uma pista. No entanto, existem centenas de pistas criadas pela comunidade (inclusive pistas nacionais, como Boavista 58, Monsanto 59 e Montes Claros 60) e actualizações para as originais, que devem ser copiadas do CD original do jogo para a pasta de instalação da demo. Na imagem abaixo podemos ver a diferença entre o GPL como saiu em 1998 e a versão actualizada, disponibilizada na demo.
Muita informação pode ser encontrada nas centenas de sites sobre o GPL, podendo aceder-se aos links para estes, pelo site GPLLinks.org.
Porquê 1967?!
Estando a desenvolver um novo simulador, pergunta-se: Porquê simular a época de 1967 da Fórmula 1, e não uma época mais recente?
Se retratasse uma época 10 anos anterior a 1967, colocaria o simulador a retratar a altura em que os carros começaram a utilizar motor traseiro em vez de dianteiro, e se fosse 10 anos mais tarde que 67, colocaria a simulação na época da revolução dos motores Turbo e do efeito de solo!
Então, afinal o que há de tão interessante na época de 1967?
A época de 1967 marcou também uma transição importante na vida dos Grandes Prémios de Fórmula. Foi a última época antes de serem autorizados patrocínios comerciais nos carros, mas foi sobretudo a última época antes do aparecimento das “asas”, “spoilers”, “ailerons”, etc., relacionados com a aerodinâmica dos carros, ou seja, a última época em que a perícia do piloto em conduzir o carro e mantê-lo em pista só com aderência mecânica contava realmente, antes de introduzir-se a verdadeira aderência aerodinâmica.
E assim, a Papyrus decidiu criar uma simulação realista da época de 67 da Fórmula 1, e tão realista que, do mesmo modo que nínguem consegue pegar num carro de Grande Prémio e pilotar logo sem se estampar, também nínguem consegue pegar no Grand Prix Legends e pilotar um carro sem se estampar.
Sucesso, Insucesso e Evolução!
Uma simulação tão apurada têm o seu preço. E apesar de aclamado pela crítica da especialidade quando foi lançado em 1998, como o mais realista simulador de corridas alguma vez feito, o GPL não vendeu muito bem, por diversos factores.
O realismo da simulação faz com que a curva de aprendizagem do simulador seja bastante inclinada, sendo necessária persistência e dedicação para se começar a tirar todo o partido das potencialidades do simulador. Claro que o retorno final é muito superior que um jogo de corridas normal, devido às sensações virtuais obtidas na condução de um verdadeiro simulador.
Também os requisitos de hardware do simulador tiveram a sua quota parte do insucesso comercial do título, uma vez que à altura a que foi lançado em 1998, poucos possuíam computadores com capacidade para utilizar o simulador.
Quando foi lançado, o GPL não tinha suporte interno para placas aceleradoras 3D modernas, estando apenas preparado para correr com placas 3Dfx ou Rendition e um fraco suporte de um software mode. Na altura, também este factor prejudicou a venda do GPL, quando as velhas placas 3Dfx se tornaram obsoletas. Claro que mais tarde, a Papyrus lançou um patch para corrigir esta situação, passando a haver suporte para placas com Direct3D ou OpenGL.
Mas o seu sucesso como simulador sobrepõe-se fazendo com que o GPL se mantenha actual e com uma legião de fãs que formam uma das comunidades mais unidas e trabalhadoras do mundo dos simuladores, através da Internet.
Após os patch’s oficiais da Papyrus, que permitiram colocar o simulador a correr bem nos computadores mais modernos, e depois desta ter fechado as portas, a comunidade de GPLer’s continua a desenvolver e evoluir o GPL através do seu trabalho, criando todo o tipo de utilidades e expansões para o GPL. São exemplo disso a GPLEA (GPL Editor’s Association) e os seus gráficos para os carros do GPL, utilitários para criar e gerir setup’s, para observar replay’s do simulador e analisar a melhor trajectória em cada pista, novos sons, actualizações gráficas das pistas originais e centenas (literalmente) de novas pistas, incluindo pistas Portuguesas míticas como a Boavista de 1958 e Monsanto de 1959, entre muitos milhares de outros features novos criados pela comunidade e à disposição de todos, pela Internet.
Podemos ver nas imagens seguintes o excelente trabalho da GPLEA na criação do Honda e do Cooper, bem como screenshot’s das pistas portuguesas da Boavista e de Monsanto dos anos 50.
Porventura uns dos novos features mais interessantes e aclamados são os mod’s, que se caracterizam por ser mais do que actualizações isoladas de gráficos ou sons ou física, mas todo um conjunto que pode tornar o GPL todo um novo simulador de algo diferente do original.
O Mod65 e o Mod69, retratam as épocas de 1965 e 1969 da Fórmula 1, utilizando o motor físico e gráfico do Grand Prix Legends, ou seja, mantendo todas as excelentes características de simulação do simulador original. Mais, acrescentam melhoramentos de nível profissional, feitos pelos talentos existentes na comunidade GPL, que facilmente poderiam ser confundidos com trabalho da própria Papyrus.
O Mod65 retrata a época de 1965, com a principal diferença a ser as dimensões dos carros e a capacidade dos motores, de 1500 cm3, ao contrário dos motores de 1967 com 3000 cm3, e consequente diferença de potência. A principal característica destes carros é a sua maior manobrabilidade, permitindo corridas muito renhidas.
O Mod69 retrata a época de 1969 e cria um marco na vida do GPL, com a introdução de asas nos carros, e o seu devido efeito aerodinâmico devidamente retratado na simulação.
Em produção estão mais Mod’s, como o Mod55 e o Mod66, retratando a época de 1955 e de 1966 respectivamente, o Mod cortina, com o Ford Cortina Lotus a ser a estrela deste Mod, entre outras criações da comunidade GPL.
A somar a tudo isto, há ainda o devido aproveitamento do simulador para corridas online, através da Internet, permitindo organizarem-se campeonatos por todo o mundo, recorrendo a ferramentas desenvolvidas pela comunidade, mais uma vez, e que, com o desafio que é pilotar estes carros, atraem muitos SimRacers para o mundo da simulação online, reproduzindo a competição real, sem sair de casa, mas com tudo o que diz respeito à mesma, excepto o cheiro a suor e borracha queimada.
Ser ou não ser um simulador
Porque é que se diz que o GPL é um simulador e não um simples jogo de corridas, como os populares Need for Speed, GT4, e outros títulos do género?!
No GPL, tudo obedece às leis da física, tal como seria no mundo real. Cada pneu têm o seu modelo físico, cada peça da suspensão pode ser vista a movimentar-se realisticamente para cima e para baixo. Se travarmos, a frente do carro afunda em direcção ao chão, e se acelerarmos a fundo, a traseira solta-se e entra em pião devido à tracção traseira e a toda a potência aplicada no eixo traseiro. O GPL introduziu o uso de embraiagem, e vai ao pormenor de, quando se coloca o carro em “ponto-morto”, com este em movimento, se sente um ligeiro abrandamento devido ao peso dos carretos em rotação dentro da caixa de velocidades!!
Tudo o que um piloto podia afinar no seu carro na época de 1967 está reproduzido no GPL de maneira realista, e de modo a que possa ser afinado da mesma maneira que seria no mundo real, num painel de car setup. Entre as afinações inclui-se dureza de molas, rigidez das barras de torção, pressão de ar nos pneus, camber das rodas, ângulos de escorregamento do diferencial, relações de caixa de velocidades, etc, etc, etc, tal como podemos ver nas imagens abaixo.
São coisas comuns de encontrar num simulador actual, mas que não existem (pelo menos de forma realista) nos jogos de corridas, e que foram novidade na altura do lançamento do GPL.
Tudo isto, conjugado com o comportameto visivelmente realista do carro em pista, dos danos nos cidentes, da representação das pistas e das sensações que transmite, tornam-no num Simulador. A maneira como o carro adorna nas curvas, como escorrega às quatro rodas quando ultrapassou o limite de aderência, como obriga a gerir a travagem nas curvas e a aceleração nas rectas é visivelmente realista, ao contrário do comportamento dos vulgares jogos de corridas comerciais.
Perfeito?! Não o é, têm as suas pequenas falhas e actualmente não é o mais realista dos simuladores. Mas continua a ser um simulador muito exigente e cujo domínio da máquina dá ao Homem o mesmo gozo ou aproximado, do mundo real.
Por onde começar hoje em dia
Actualmente, a forma mais fácil de começar no Grand Prix Legends é através da Demo 2004, já que se trata do jogo completo, embora com apenas uma pista, no caso Watkins Glen, nos EUA. Mas, como a demo já têm todos os patches oficiais do simulador, fica de imediato pronto a correr.
– Download da GPL Demo 2004: www.bhmotorsports.com/GPL/downloads
A partir daqui, tudo pode ser feito. O primeiro passo será, talvez, procurar uns setups já pré-feitos ou uns Setup Guides de gurus do GPL como Greger Huttu, Paul Jackson, Roland Ehnstrom ou Alison Hine, uma das primeiras mulheres no SimRacing.
Outra coisa a fazer, será procurar novas pistas para o simulador, embora se tenha de ter calma e paciência para as conhecer e dominar os carros em cada uma delas. Em relação às restantes pistas originais, a melhor forma de as obter é comprando o CD do simulador.
Existem na Internet inumeros recursos para os principintes, desde guias de condução e afinação, a guias de configuração do próprio GPL.
De seguida, há inumeras opções e actualizações para o GPL, já referidas, como sejam sons e mod’s que podem e devem ser experimentados para o SimRacer optimizar a sua experiência com o simulador, e tirar ainda mais partido da simulação. Bem como, inúmeros programas utilitários para trabalhar em torno do GPL.
Para tudo isto e muito mais, existe um site na Internet que é o portal ideal para se começar, uma vez que agrega todos os links de sites relacionados com o GPL:
– Tudo sobre o GPL: www.gpllinks.org
Nenhum piloto real conduz com um teclado. Os teclados são digitais, sendo que, quando se carrega numa tecla é tudo activado, e quando se solta é desactivado. Isto corresponde a, por exemplo na direcção, a virar o volante todo de uma vez, e depois a colocá-lo direito também de uma vez. Os volantes são analógicos, e permitem assim precisão na condução. Um bom simulador exige um volante, e o GPL exige um bom volante, com Force-Feedback de modo se “sentir” melhor os movimentos do carro. Felizmente, hoje em dia já existem no mercado muitas e boas escolhas para todas as bolsas, sendo uma marca recomendada, a Logitech, em termos de produtos comerciais.
Para além disto, convêm ter um bom computador, mas sendo o GPL já de 1998, mesmo com as actualizações mais recentes, não é muito exigente.
Existem ainda uma panóplia de acessórios opcionais que podem optimizar toda a sensação de simulação, e que vão desde as simples SimSocks (meias), a cadeiras de simulação com equipamento hidráulico ou pneumático que permitem simular as forças G do simulador.
A melhor forma de um iniciante se inteirar sobre tudo isto, é visitar fórums e sites da comunidade de SimRacers, sendo que em Portugal, a maior comunidade é o SimRacingPortugal.
– Em Portugal: www.simRacingPortugal.net
Mas o verdadeiro gozo da simulação, passa por poder fazê-lo também, simulando corridas, e não só pilotando a solo, ou contra o computador, por muito evoluída que seja a AI (Artificial Inteligence) do simulador. A participação em corridas online atravéz da Internet com outros pilotos humanos, que partilham a mesma paixão, e sabem transpor essa paixão para estas provas, com muito Fair-Play e dedicação, é o valor maior das comunidades de SimRacers na Internet. O resultado é o de horas e horas de diversão, em campeonatos mais ou menos bem organizados.
Finalmente, é muito recomendado, comprar o CD original do simulador. Embora a Papyrus, editora do simulador, já não exista, e portanto já não lucra com isso, ter o original é ter uma peça de colecção muito valorizada. Sendo já antigo, será díficil encontrar à venda em lojas o GPL, mas através da Internet, é possível fazê-lo.
E todo este trabalho e atenção ao pormenor, compensa?!
Sim, compensa!
Autor : Tiago Silva (a.k.a. Lynx) © 2007